LAGARTO NO ASFALTO

Já passei de grisalho e não deixei de ser

o garoto iludido por maços de verbos,

por palavras tecidas feito rede ou cesto

e miragens de mundos que só eu vislumbro...

De repente me flagro vencido e disforme,

uma flor encravada em deserto rochoso;

sou espécie teimosa depois da extinção

que lhe coube no tempo apressado em excesso...

Vejo apenas andróides; insisto poeta,

me descubro invisível, quem sabe, abstrato;

linha reta envergada por um labirinto...

Na verdade um lagarto nos ferros urbanos,

a ferrugem nos panos da festa de gala,

velhas balas de coco em calibres de guerras...

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 01/06/2011
Reeditado em 01/06/2011
Código do texto: T3008102
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.