O Pêndulo.

Pálido e desgraçado

pendeu, do alto do galho

o apavorante espantalho

com o pescoço quebrado.

Na calma daquela tarde,

deu-se a hora derradeira;

ao pé da velha pedreira

o triste ato covarde.

A vida, posta de lado...

A corda, bem tencionada...

Os olhos, cheios de nada...

Mais um Judas, pendurado!

Assim, a noite aparece;

ninguém sentiu dele falta.

Eis que na árvore alta

o cadáver já perece.

E um corvo, bicho profano,

não respeita funeral,

e noutro posto, afinal,

espreita o pêndulo humano.

Lola Viki
Enviado por Lola Viki em 01/06/2011
Reeditado em 03/11/2011
Código do texto: T3006532