Fera.

A noite pariu a lua,

tão branca, tão luz, tão nua...

E a claridade da rua

é fria, deserta, e langue.

O ar denso cheira à sangue...

O próprio escuro recua!

Até o escuro tem medo

daquele mortal segredo

que se esvai, vil e alpedo,

quando a hora zero soa:

é hora da besta à-toa,

é hora do engano ledo.

Mãos trêmulas e hesitantes...

O suor, peito ofegante,

Uma vida num instante!

O corpo, que se transforma,

da física burla as normas

e renasce, apavorante!

Vai no frio da madrugada

a buscar desavisadas

criaturas desgraçadas...

Eis que tudo se consome,

Misturando lobo e homem

em alma amaldiçoada.

Lola Viki
Enviado por Lola Viki em 30/05/2011
Código do texto: T3003521
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