As estrelas do poeta.

Aquele ali, no retrato, pensativo e cabisbaixo,

de olhos tão taciturnos, contemplando o infinito...

Já fez poemas sublimes p'ra estrelas d'um céu bonito,

um céu que se enegreceu e trouxe estrelas abaixo.

Nas cálidas madrugadas, derramava no papel

toda a ternura que tinha pelo brilho das amantes...

E os versos mui bem cuidados iam nascendo, galantes,

e na ventania eram música, rumando sempre pro céu.

Mas um dia, numa noite, hora morta de verão...

O poeta ergueu o olhar e não encontrou suas Musas...

Somente uma caravana de nuvens negras, confusas,

nuvens no céu da terra, chuva no céu do coração.

Desde este episódio triste o poeta ficou louco;

subia o morro do vale e adormecia na espera.

Feito alma regelada que clama por primavera,

a quem a esperança tênue desvela o valor tão pouco.

Até que uma noite enfim, bordou-se de brilho o breu!

Mas algo houve de estranho no seio do firmamento...

Um trovão tremeu a terra, assustador, barulhento...

As estrelas despencaram, e o poeta morreu!

Lola Viki
Enviado por Lola Viki em 23/05/2011
Reeditado em 23/05/2011
Código do texto: T2987162
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