As estrelas do poeta.
Aquele ali, no retrato, pensativo e cabisbaixo,
de olhos tão taciturnos, contemplando o infinito...
Já fez poemas sublimes p'ra estrelas d'um céu bonito,
um céu que se enegreceu e trouxe estrelas abaixo.
Nas cálidas madrugadas, derramava no papel
toda a ternura que tinha pelo brilho das amantes...
E os versos mui bem cuidados iam nascendo, galantes,
e na ventania eram música, rumando sempre pro céu.
Mas um dia, numa noite, hora morta de verão...
O poeta ergueu o olhar e não encontrou suas Musas...
Somente uma caravana de nuvens negras, confusas,
nuvens no céu da terra, chuva no céu do coração.
Desde este episódio triste o poeta ficou louco;
subia o morro do vale e adormecia na espera.
Feito alma regelada que clama por primavera,
a quem a esperança tênue desvela o valor tão pouco.
Até que uma noite enfim, bordou-se de brilho o breu!
Mas algo houve de estranho no seio do firmamento...
Um trovão tremeu a terra, assustador, barulhento...
As estrelas despencaram, e o poeta morreu!