" A ROCA DO TEMPO "
A dor da melancolia
tece na roca do tempo
um fio de profecia.
Gira a roda com olhos cegos
do fado fiandeiro
e tece rendas com fios
cheios de visões
do sono hibernal.
As voltas do tempo
pesam como perguntas
ao sono. Todos os mortos
permanecerão em silêncio
na hora da ressurreição.
Meus dedos irão cavar
nas areias do tempo
um fosso sedento de água.
Nenhum favo de mel,
mesmo o mais doce,
irá mitigar a minha fome,
nem a água mais pura
vai aplacar a minha sede,
nem afastar a dor da melancolia.