" BEIJO A ROSA ATÔMICA"
Não sou romântico,
um vácuo me agasalha
numa brandura sem jeito
que dilacera minha realidade.
Com alaúde de fogo
converto em destroços
os recomeços.
Entre poetas acorrento
a agonia das florações.
Pálpebras dessangradas
contando ilusões.
Garimpo a aurora
e aquela distância
de ímpio fulgor.
Canto a melodia erma
das almas devastadas
pois sou voz sem corpo
resolvendo-me em dor.
Beijo a rosa atômica
gemendo em mim
no fundo do devaneio.