"SONS DA MATA "
As árvores ensaiam pensamentos
de serem nalgum dia cadeiras de balanço,
furtivas, funâmbulas, a se enroscarem
umas nas outras, temerosas
de encontrarem-se em táboas.
O céu solene aguarda a oração da mata,
as preces molhadas das madeiras.
A luz difusa abre a clarabóia verde
e as cigarras ensaiam um calvário de arrepios.
A abelha vai na faina do mel.
Num abismo de distância,
as arapongas constróem uma catedral
no martelar insistente do funeral da mata.