"SONS DA MATA "

As árvores ensaiam pensamentos

de serem nalgum dia cadeiras de balanço,

furtivas, funâmbulas, a se enroscarem

umas nas outras, temerosas

de encontrarem-se em táboas.

O céu solene aguarda a oração da mata,

as preces molhadas das madeiras.

A luz difusa abre a clarabóia verde

e as cigarras ensaiam um calvário de arrepios.

A abelha vai na faina do mel.

Num abismo de distância,

as arapongas constróem uma catedral

no martelar insistente do funeral da mata.

permiano colodi
Enviado por permiano colodi em 13/05/2011
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