Música
A música me guia nos espaços de minha vida:
Estou inerente e escravizado as suas deliciosas sensações:
Sonoras, deliciosas e gentilmente cretinas:
Ah, não posso viver sem ti, minha dona!
No canto triste, encontro com minhas mazelas
No canto febril, encanto as minhas chagas juvenis
No canto, que de canto em canto, vira vida me acabo
Musa, música, me faz teu escravo enclausurado!
Seja a minha Marília, a Betânia, a Sofia
Que me tem enamorado a todos os dias de minha vil vida
Leve-me ao mais obscuro de prazer de ser simples
Carregue todo o mundo em suas costas e me deixe livre:
Prometeste teu sangue musicado a cada alma simples
E tu se faz em ondas e renasce das sombras do nada metafísico
Doppler, senóide, função, não! Apenas música!
Desintegrada e realmada com as chances; rearmada de sonhos!
Quando eu era menino, sonhava como menino esperto
Queria ser mais esperto, mais sonhos abertos
Agora, como homem, vivo as aventuras do homem moderno
E todas as suas privações de ser música apenas!
Ser dinheiro e ser fã!
A música é simplesmente uma onda refinada:
De sentimentos e cores imensuráveis
Que talvez nem ninguém poderá descobrir
Só assim eu posso desmistificar o exato e o absoluto:
Eles não possuem o doce refinado!
Mas possuem a exatidão e o erro relativo...
Mas não possuem as ondas arcosenóides imperfeitas, leves...
Deixando a exatidão, o certo e o doce
Sobra a vida e apenas ela
Imortal! Sempre!
E eu continuo cantando a música:
Mesmo sem cor, sem açúcar
Sem nada!
Sou um poeta que canta e escreve; e integra também!
E é quase tão livre quanto a função musical primeira:
Ser simplesmente livre e música!
E levar as doçuras em ser uma onda com sentimentos
Uma nova espécime desbravada no meu esquecido campo:
"Eu canto porque o instante existe..."
19-11-2006