Formigueiro

Meu inseto virou medalha

Pra ver se cavava no peito do vencedor

O gosto do retrocesso.

Invertebrado áporo

Decidiu ir a pé pronto ao vento

Que lhe amputou as asas por conta dessas metamorfoses.

E não é que o bicho virou mito?

Bastou furar o busto do imperador

E apagar a frase conservadora da bandeira!

Bicho de três pares,

Patas, tempo, febre,

Que dão equilíbrio bêbado

A quem apenas está prestes por tombar.

Antenas amputadas

Quando lá: marca na caixa de chumbo!

Ousava avisar que sentia dor

Durava para pendurar, no pescoço do andor.

O discurso que não dá!

Meu insidioso fiel

Resolveu-se insuficiente inculto

Discursando inseticida na parede do incunábulo.

Foi quando deu nesses tempos

Que esse inseto virou todos os bichos

Porque arrancaram a rosa do outro,

Voz que durava tão rouca.

Desprotegido o minúsculo: de rasante sem pulo -

- as asas sem leques!

Desconhecido o inimigo:

Caiu em outras teias.

Debate-se analfabeto como quem ousa gritar:

Um povo sem letra não assina o seu futuro!

E nem alado e antenas,

neste momento entorpece do impróprio veneno.

Pois sabe que delira sem patente

Por desafiar a autoridade sem face.

Formiga?

Drosófila?

Inseto diferente:

- Drummondias Andradis!

Zé Áporo
Enviado por Zé Áporo em 05/05/2011
Reeditado em 08/05/2011
Código do texto: T2950252
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.