APOLOGIA DE NIETZSCHE

APOLOGIA DE NIETZSCHE

Eis que sou poeta, e não filósofo;

Um ser exposto, frágil e vulnerável;

Altivo, é certo, e pleno de palavras,

Couraças dos bravios corações;

Tudo, então, é emoção e sentimento;

Eis que faço trovas e canções.

Escrevo o que é próprio de mim mesmo;

Espalho sortes enquanto faço versos;

As minhas rimas precisam de ar puro,

Porque sufocam em meus livros diversos,

Alguns deles, há muito já não lidos,

E dentre esses, os meus preferidos.

Sei que os poetas troçam dos humanos

E dizem coisas que apunhalam sentimentos;

Pior de tudo: ainda falam mal dos deuses,

Para, em seguida, fingirem arrependimentos.

Por isso peço que perdoem muitas vezes

Por uns versos que me sopram como ventos.

Teria sido eu o próprio engano,

Enganando-me que sou como os poetas?

Ou há suspeita, mais do que suponho,

De que os filósofos sejam também profetas,

Misto de mim, vidente e sonhador,

Um louco extemporâneo, como sou?

Jaya Hari Das
Enviado por Jaya Hari Das em 03/05/2011
Reeditado em 13/03/2013
Código do texto: T2946118
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