CANTATA DE PRIMAVERA.
Para Willian Bernardo.
Inspiração I.
Eis que a estação mais bela
Vai-se tal como veio...
Lembrança terna desvela
Aos sonhos, em pastoreio.
As flores, tão coloridas
Enfeitaram meu jardim...
Trouxeram ares de vida,
Mas não te trouxeram a mim!
As chuvas ficam mais calmas...
E as ventanias se vão.
Consolo pras nossas almas,
Alento pro coração.
Eis que a estação mais bela
Dá sinais de que se finda...
Lembrança terna desvela,
Da tua face tão linda!
Inspiração II.
A noite primaveril
Bordou-se de estrelas mil
E não nos deixou no breu.
A mim sobrou luminárias
Poucas e imaginárias
Daquele sorriso teu.
A lua, planeta morto,
Esboça um sorriso torto
Fazendo troça de nós.
Eu busco, nos travesseiros,
Aquele sonho matreiro
Em que ficamos a sós.
Inspiração III.
Mais complicado desconheço.
É caro este teu preço, de amizade.
Mas eu paguei, é verdade...
Paguei e mereço.
Um pingo de felicidade!
Olhos grandes, quase abismos...
Olhos que, cismo: há mistério sim.
Mistério sem começo ou fim.
Doce e ébrio lirismo.
Jamais revelará a mim!
Quem sabe se a primavera
Que impera, neste mês...
Acorde-te, talvez,
A mais silente quimera
E te entregues de vez!
Mas por mais que sejas frio,
Distante e esguio, de silêncio horrendo...
Eu compreendo.
No corpo, o peito macio...
Na alma, o peito ardendo.
20 de novembro de 2010.