QUERENDO NÃO QUERER

Nunca mais me dirija esse olhar de fogueira,

De lamber corpo e alma, despertar os viscos,

Porque trago aqui dentro sentidos ariscos

Que me deixam sem teto; sem chão e sem beira...

Cale a sua expressão, já provocam meu fisco

Tantas uvas vistosas na sua videira,

Mas prefiro fugir pra xepar numa feira

Frutas menos eivadas de vício e de risco...

Tive muitas paixões, todas elas assim;

Quero a calma que há tempos procuro e não vejo;

Será não (mesmo louco para dizer sim)...

Leve tanta lascívia, sedução e graça

Para longe da força deste meu desejo

Que me toma e domina, mas finjo que passa...

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 28/04/2011
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