" SEMEIAM MAS NÃO COLHEM "
Não são desconhecidos
os homens que cavam a terra,
em seus sólidos silêncios
os acharemos por demais humanos
cheios de pólen, deviam afiar dentes e facas
mas dão seus ventre às lanças
para comer o pão de cada dia.
Visitei-os ao raiar do dia
quando em chumbo guarnecidos.
Vi-os banharem´se em sede
numa concha de sombras.
Eles semeiam mas não colhem,
aram sem fartura, irão por isso
tirar vinho dos espinheiros,
esperanças das raízes,
amigos entre os escombros
e as portas da fartura se abrirão
despertando os deuses mutilados
no grande coração da terra!
Aprenderão a dizer Não! aos que não plantam,
aos que não semeiam nem agoam,
pela esperança despertada.