A Posteriori.

As mãos, tão alvas e frias,

trêmulas e semi-mortas,

pariram triste poesia

que do fraco punho brota.

Uma lembrança qualquer

revoou no céu cinzento.

Descompassado mister

construindo o pensamento.

A pena, borrou as linhas

e maculou o papel;

A tinta riscou sozinha...

...e o poeta foi revel!

Depois, é que veio o resto.

O esquecimento na estante.

Cruel destino funesto

que o tempo já bem garante...

Quando o poeta moribundo

encontrar vida na morte...

O pobre poema, no mundo,

não terá a mesma sorte.

Ganhará brilho, honrarias...

Será estudo de classe...

Mas, ah! Surpresa seria

se estes versos falassem!

Depois, é eternidade.

E o poeta não há de estar!

Serão só meias-verdades...

Sem ninguém pra contestar.

Lola Viki
Enviado por Lola Viki em 16/04/2011
Código do texto: T2913326
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