A Posteriori.
As mãos, tão alvas e frias,
trêmulas e semi-mortas,
pariram triste poesia
que do fraco punho brota.
Uma lembrança qualquer
revoou no céu cinzento.
Descompassado mister
construindo o pensamento.
A pena, borrou as linhas
e maculou o papel;
A tinta riscou sozinha...
...e o poeta foi revel!
Depois, é que veio o resto.
O esquecimento na estante.
Cruel destino funesto
que o tempo já bem garante...
Quando o poeta moribundo
encontrar vida na morte...
O pobre poema, no mundo,
não terá a mesma sorte.
Ganhará brilho, honrarias...
Será estudo de classe...
Mas, ah! Surpresa seria
se estes versos falassem!
Depois, é eternidade.
E o poeta não há de estar!
Serão só meias-verdades...
Sem ninguém pra contestar.