A Ópera do Inferno.

I.

Em demente musical,

milhões de vozes nefastas.

Aberrante serenata

de tom grave e anormal.

II.

Num ritmo meio louco,

afogado e destorcido...

Num timbre débil e rouco

de ensurdecer aos ouvidos!

III.

O violao das Harpias,

os demônios, em coreto...

Horrorosa melodia

e o sino do Bode Preto!

IV.

As almas agonizantes

a expurgarem pecados,

assistem o horripilante

teatro dos desgraçados.

V.

E a Sinistra Criatura,

sentada em trono de horrores,

assiste a cruel tortura

que é imposta aos pecadores...

VI.

Quem antes foi aplaudido,

hoje é platéia infeliz...

Hoje é dama sem vestido

quem antes foi meretriz!

VII.

Quem antes foi realeza,

hoje é plebe desonrosa.

Hoje é alma tenebrosa

quem antes ditou beleza!

VIII.

E quem quiser dançar, dança...

A eternidade é a lenda.

Pois nesta Ópera horrenda

A orquestra nunca cansa!

Lola Viki
Enviado por Lola Viki em 15/04/2011
Código do texto: T2910993
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