" RIO EM CHAMA "
Oculta na teia da estrofe,
a palavra-abelha adeja a flor
do poema e revela ao cerzir o enígma
a amplidão lúdica,
consome a tristeza, a solidão
para nos libertar da dor.
O coito oculto da palavra no poema
revela-se na fatia ôca
da métrica fútil, da rima tola
perdendo-se no que esqueceu
de seu escopo.
Milagre desse leito aquático,
depois de urdido o poema,
algo perdura e fica
como um rio navegado.
Se se usa o verbo amar,
fica-se em estado de graça
no exato instante
da criação de um rio em chama.