" SANTA DO PAU ÔCO "

Olhei-a dentro dos olhos

como quem olha uma estrela,

como quem pede entrada:

"_Posso entrar?"

Ela responde:

"_O que ainda faz aí fora?

Depois, tapava os ouvidos

fingindo-se de surda,

fingindo-se de morta.

Depois subia nas árvores,

tinha um canteiro no peito,

fazia-se de anjo, podia voar.

Fingia-se de santa, mas era do pau ôco,

tudo de mentirinha, enganadora!

Eu a desejava assim mesmo,

incerta, mentirosa.

Vivia primavera e eu pedia:

"_Me dá um beijo?"

"_Eu prefiro as bonecas,

gosto mesmo é de pular corda."

"_O que você faz aqui fora?", respondi.

"_Vim ver os passarinhos."

"_ Mas não tem passarinho."

"Dou alpiste assim mesmo e vou embora."

E ia embora rebolando as anquinhas maduras.

permiano colodi
Enviado por permiano colodi em 14/04/2011
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