O Meu Amor.

Só eu te compreendo os gestos

e a beleza, fantasmal...

Meu amor, querido afeto,

eis que a ti, não há igual!

Teus olhos, brilho não tem,

são estrelas nebulosas.

Dois abismos para o além,

jardins, despidos de rosas.

Feito a densa madrugada,

olhos negros, olhar triste...

Perquirindo sempre o nada,

silêncio que em ti existe.

Os lábios, sempre cerrados...

Quando dizem, dizem pouco.

O mais cruel dos teus fados,

e o meu desejo mais louco!

Teus lábios, de beijo ácido,

são deleite para os meus...

Que beijos frios e plácidos

eu bebo nos lábios teus!

Perco-me nos teus cabelos

ao enredar-lhes por gosto...

Escuro e liso novelo

escorrendo pelo rosto.

Fios mórbidos, agônicos...

Descendo até o pescoço.

Desenho tão desarmônico,

um apavorante esboço!

O corpo, hirto e esguio,

de palidez sepulcral...

Só de pensar, arrepio!

Ah, meu amante venal!

Tuas cismas e quimeras,

só eu compreendo, e fim!

Tens a densa atmosfera,

cercando-lhe a alma assim!

Meu arabesco consorte,

És impossível, um sonho!

És belo tal como a morte,

anjo sinistro e medonho!

Lola Viki
Enviado por Lola Viki em 11/04/2011
Código do texto: T2902729
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.