"ALMA LAVADA"
Lavei a minha alma na enxurrada,
num rio corrente que chorei
sem voz de explicá-la.
Com olhos serrados de quem pensa,
fiz um convite às lembranças.
Não sei a diferença entre morrer e viver,
só lavei num cântaro sonoro
a minha alma, pela esperança que se perdeu
e pela ventura que foi sonhada,
da intrigante lembrança
do que fui ontem. Que punhais são estes
que fincaram como lâminas, pegadas
das minhas penas? Meu destino é presa
e meus remorsos jardins de palavras.