Não Matarás.
O prenúncio da desgraça,
trouxe o vento, na janela.
Soprou o fogo da vela
atordoando a fumaça.
A lua, pouco se via
pela noite brumarenta.
Nas mãos, a verdade fria
que o aço representa.
Um reluto, um tremor...
Uma blasfêmea final.
Um arrepio de horror
e a autogolpe mortal!
O carmim do sangue quente
maculou o chão marrom.
Desenhou linhas dementes
em horrendo e triste tom.
O corpo, agora tombado
no ato que à vida estanca.
E o silêncio é quebrado
ao cair da arma branca!
Depois, o silêncio e só.
Um funeral sem ninguém...
O destino virou pó,
e abriu as portas do Além.
Os motivos, sempre os mesmos...
O sentimento medonho!
A alma que fica à esmo
emaranhada de sonhos.
O amor é mais perigoso
que o próprio fio da navalha.
É sentimento ditoso,
Embora tão pouco valha.
Arrasta homens ao fim
agourando-lhes a sorte;
E as vezes, lhes paga assim:
num beijo frio de morte!