Não Matarás.

O prenúncio da desgraça,

trouxe o vento, na janela.

Soprou o fogo da vela

atordoando a fumaça.

A lua, pouco se via

pela noite brumarenta.

Nas mãos, a verdade fria

que o aço representa.

Um reluto, um tremor...

Uma blasfêmea final.

Um arrepio de horror

e a autogolpe mortal!

O carmim do sangue quente

maculou o chão marrom.

Desenhou linhas dementes

em horrendo e triste tom.

O corpo, agora tombado

no ato que à vida estanca.

E o silêncio é quebrado

ao cair da arma branca!

Depois, o silêncio e só.

Um funeral sem ninguém...

O destino virou pó,

e abriu as portas do Além.

Os motivos, sempre os mesmos...

O sentimento medonho!

A alma que fica à esmo

emaranhada de sonhos.

O amor é mais perigoso

que o próprio fio da navalha.

É sentimento ditoso,

Embora tão pouco valha.

Arrasta homens ao fim

agourando-lhes a sorte;

E as vezes, lhes paga assim:

num beijo frio de morte!

Lola Viki
Enviado por Lola Viki em 03/04/2011
Reeditado em 03/04/2011
Código do texto: T2887785
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