" SONHOS DESFEITOS "

A moça viu-se numa mamangaba

voando sem destino

de encontro à tarde.

Do alpendre olhou a poeira

que se elevava

acima do casario.

Aguardava ansiosa o caixeiro viajante

que tardava em voltar.

Notava-se, ainda, um toque rosicler

em suas faces.

Manchado, dentro do quarto,

um espelho cruel contava o tresmalhar

do tempo. As peças do enxoval bordado

com anagramas entrelaçados amareleciam.

...e eu continuo apegado aos jardins de gerânios,

às ruas letárgicas que se encaminham

para o concreto dos sonhos desfeitos.

permiano colodi
Enviado por permiano colodi em 03/04/2011
Reeditado em 10/04/2011
Código do texto: T2886721