"SAPATINHOS DE BEBÊ "

Durante algum tempo

a borboleta começou a roer unhas,

ter pesadelos, encantar-se com a boemia,

acalentar desejos amorais.

Queria um milagre!

Achava que só existir era muito pouco.

Imaginou-se grávida e começou

a tricotar sapatinhos de bebê,

tinha desejos de amor e idéias atravessadas.

Mas a borboleta foi ficando ranheta, prepotente,

orgulhosa, mandona, ninguém a suportava.

O vento de sempre soprava miúdo

e a borboleta pousava nos monturos

como fazem todas as borboletas,

mas nunca se lembrava da beleza de suas asas.

Num certo dia, desistiu de humanizar-se,

resolveu continuar como borboleta de monturos

com suas belas asas coloridas.

permiano colodi
Enviado por permiano colodi em 03/04/2011
Reeditado em 04/09/2011
Código do texto: T2886674