VAZIA.

Amor, amar, sentir, viver.

Gerúndio, futuro, presente.

A que mais vai sobreviver

a nobre dama, decadente?

Vestiram-na com baratilhos.

“É livre, liberdade pura!”

E os versos, bastardos filhos!

Transfiguraram-lhe a figura.

Eu vou rimar amor com dor,

ar com ar e ser com fazer.

E condor, conter, que horror!

A que mais vai sobreviver?

E vão bradar que são poetas!

Que a arte lhes brota da alma.

E a dama os chamará patetas,

Rirá deles e das suas palmas.

A dama chora, cala, canta.

Ama, odeia, desfalece.

Ulula blasfêmeas tantas

e ao mesmo tempo, preces!

Veste-se de sensualidade...

Ou noiva, ou Santa, ou meretriz.

Diz mentiras, diz verdades...

Diz e logo... Desdiz!

A dama tem muitos semblantes

que se transformam noite e dia...

Pode ser nada em um só instante

Mas jamais deve ser vazia!

Poesia... Poesia... Quem diria!

Lola Viki
Enviado por Lola Viki em 24/03/2011
Código do texto: T2868414
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