POEMA DO POEMA.
Ontem aquele poema perturbou-me o sono.
Odiou a carne, rasgou palavras estranhas
Para mostrar que é meu dono.
Com seus delírios de rima calou-me a boca.
Tocou da alma o verbo que nem era meu
riu de mim, chamou-me louca.
Derrubou cenas do mesmo jeito que ergueu;
Enchendo de cores quentes o preto e branco.
Arrogante, no apogeu.
Ontem aquele poema fe-me dele amante.
E em breves segundos, tu fostes meu, inteiro.
Fugaz, poético instante.