"PEQUENO CONTO"

Era uma vez ...a menina se chamava Bebel que detestava fitas nos cabelos, andava descabelada, era respondona, não gostava de bonecas, preferia as bolas de futebol dos meninos, embaraçava a mãe quando arrotava de propósito na frente das visitas. de ceromônia.

Já grandinha recusava vestidos com babados, sandálias com lacinhos, sapatos de salto alto nem pensar! Continuava sem modos, comia com as mãos, lambusava-se. Era um tormento! Nem o pai podia com a Bebel. Mas o fato e que foi ficando moça feita, arrebitou os peitinhos e teve um final de adolescência cheio de namoricos, sempre vigiada pelos pais, até que um certo dia casou-se com Inácio, rapaz de boa índole, mas foi por insistência da famílçia e de Inácio.

Bebel e Inácio tiveram três filhas: Lúcia, Tatá e Betinha, meninas amorosas, dengosas que gostavam de se enfeitar.

_Por mim é que elas não puxararam!, dizia Bebel.

Incível essa Bebel, que apesar de tudo deu boa mãe, mas nunca se

conformou em ser mulher.

A verdade sob este céu é que ningué, como lavarm nega suas raízes, assim é a vida, como lavar na água da lagoa um raiozinho de luz tornado trapo sem cor para ser vestido só por vestir. Ninguém esconde as lavas de um vulcão, o azeite que derrama ou o vinho dos tonéis,, ninguém detem uma inocência, um rio que transborda ou uma brisa turva de latidos. "Amanhã esquecerás que te pus num pedestal, que incendiei de amor uma alma livre..."*

* Verso de Mayakowski.

permiano colodi
Enviado por permiano colodi em 22/03/2011
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