"DEPOIS QUE NOS AMAMOS"
Depois que nos amamos,
restou uma penúria sem remédio,
uma lembrança de cobertor muito curto
a deixar os nossos pés de fora,
de lençóis amarrotados. Amamos sem pressa,
até ficarmos em trapos e sobrou a sensação
de termos assistido a um filme pornô,
sem carícias, numa incompletude de falta de
abraço abraçado. No fim, um orgasmo curto,
depois, um claro de novo apareceu.
Não havia dado o valor devido à beleza
acontecida que deixei passar, que pousou
em meu corpo e se foi, que meu coração
não sentiu, que agora tardiamente me detenho
e recordo em aflição.