"LADEIRA"

No profano silêncio, depois da sagrada alvorada,

com cantar de galo e sino o dia despertou.

Calço os sapatos rotos.Por onde andaram esses sapatos velhos

de passos desajeitados? Dou o laço na gravata e prendo-me de vez,

visto o terno surrado, saio com luvas de calos para descer a ladeira

imposta. Tem sido sempre assim: descer ladeiras sem vontade

de chegar. Fácil é sair. Possa eu, devagarinho, agitar os ventos

da minha alma e na folhagem da tristeza abafar meus pasos

e os gemidos de tanta gente!

permiano colodi
Enviado por permiano colodi em 09/03/2011
Reeditado em 11/04/2011
Código do texto: T2836671