"LADEIRA"
No profano silêncio, depois da sagrada alvorada,
com cantar de galo e sino o dia despertou.
Calço os sapatos rotos.Por onde andaram esses sapatos velhos
de passos desajeitados? Dou o laço na gravata e prendo-me de vez,
visto o terno surrado, saio com luvas de calos para descer a ladeira
imposta. Tem sido sempre assim: descer ladeiras sem vontade
de chegar. Fácil é sair. Possa eu, devagarinho, agitar os ventos
da minha alma e na folhagem da tristeza abafar meus pasos
e os gemidos de tanta gente!