FEITIÇO
Do longe, o som trémulo e avído de tambores
Me chama e acaricia, provocando em mim,
Suores, sensações, suplicíos e mil tremores
Que simplesmente me incendiam e viciam
No seu pleno alento, o vento quente
Desperta síngelo ardor neste meu corpo liberto
Num ritmo lento, estonteante e quase frenético,
Como essa febre que loucamente me consome
Nua e pura neste mar que me devora e me leva
E em cada sua onda e bravura que me toca,
Caíu baixo o escuro encanto desse teu olhar,
E nesse nosso segredo ainda por desvendar
São nessas tuas mãos trémulas, lindas e inquietas,
Nessa tua fome que rege em mim e jamais dorme,
E em carícias de posse e ousadia que me provocam,
Que imerso ao além do prazer, abandono e euforia
São essas mil sensações que jamais nos saciam
Mas que rasgam e abrem os nossos pulsos,
Vertendo o sangue sombrío da mais bela poesia
Que se dispersam neste nosso gozo e desejo vivído
São paixões e encantos refletidos neste doce feitiço
Que se perde no escuro olhar desse nosso amor,
E renasce no mero calor do teu corpo sob o meu corpo,
Provocando essa febre que em mim, eternamente ferve.
Salomé
"Novo amanhecer 2011"