OH! QUE SAUDADES QUE (NÃO) TENHO

Se eu bem me lembro,

havia muitas árvores e um muro

no fundo do quintal da minha infância.

Os bichos, criação da casa,

corriam atrás de mim,

e eu, atrás deles,

numa insitência teimosa.

Tempo de ingênuas brincadeiras,

somente interrompidas

pelos berros de minha mãe,

que, se não atendidos,

resultavam em doloridas chineladas.

O relógio parecia não caminhar.

Entre um reveillon e outro

entremeavam-se séculos.

Crescer era alternativa remota.

Papai ditava regras sempre certas.

Havia pouco mundo para além da minha porta.

Hoje, sem que me desse conta,

o futuro chegou e me cobra atitudes:

infinitas contas a pagar,

responsabilidade exclusiva sobre meu destino;

ansiedades e angústias de todos os matizes.

De súbito, olho o relógio, a informar que passou a minha hora.

E eu que ontem, pensava em ser feliz agora. . .

- por JL Semeador, em 17/02/2011 -

jlsantos
Enviado por jlsantos em 17/02/2011
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