Dia de finados
Neste dois de Novembro
até o ar é mais forte
sendo o dia da morte
onde os vivos levam flores
também choram suas dores
aos que não tiveram sorte
E ali... estão nos cemitérios
numa fileira de cruzes
neste mundéu sem luzes
que há! Neste campo sagrado
no chão ali enterrados
por vezes muito esquecido
só tem os seus queridos
neste dia a ser lembrado
Morreram por doença
e muitos por acidente
e aquele ali bom vivente
que morreu atropelado
e este aqui ao seu lado
que brigou por sua china
que a vida triste destina
veio morrer degolado
Vejo! Grandes mausoléus
na réplica duma escultura
na terra foram figuras
as mulheres e os homens
hoje ! na lousa marca seu nome
junto ao pé da sepultura
E todos estão ali...
num silêncio de pés juntos
e jamais terão assuntos
somente toleram as flores
e os vivos choram suas dores
pra este dia de defuntos
E muitos prestam homenagens
com rezas e cantorias
recordam suas alegrias
quando estavam em seus convívios
e hoje ! restam os vivos
pra enfeitarem seus dias
E quando a tal morte chega
nunca tem a idade certa
nos leva na cancha reta
numa pura malvadeza
os vivos ficam na tristeza
chorando a separação
que ali debaixo do chão
tem a terra sua frieza
E aquela cruz solitária
lá no campo ou na cidade
muitos sem identidade
sem nome ou apelido
neste mundo esquecido
só tem o sol que clareia
e a estrela D’alva boeira
pinga luz pros falecidos
Quando chegar o meu dia
que o patrão velho chamar
me enterrem em qualquer lugar
na cidade ou na campanha
quero festança e canha
no meu simples funeral
pois está alma afinal
sempre foi de festa e festa
e o pedido que me resta
fazem festa pro bagual
Peço ! Não levem flor
e também toco de vela
nenhuma rosa amarela
mas quero sim... um violão
e declamem com emoção
as mais lindas poesias
pra esta alma hoje fria
a sete palmos do chão.