DÁ A SURPRESA DE SER…

Dá a surpresa de ser o espanto

de nosso ser.

Pequeninas, pequeninas estrelas,

que, no azul, cintilam distâncias,

levam a voz do homem, ainda criança –

e na palavra mole da infância,

árvores são plantas e flores têm nome

de mulher (como as andorinhas,

de par em par, sua graça: primavera).

Amanhecem as minhas penas,

que de esperanças andam desavindas,

e o sol doira nos espelhos, que evito,

por lhes saber a constância e a ilusão –

além muito além, onde o horizonte,

mais não é que um pobre risco circular,

cedendo à vontade das cores “arco-íris”

(nuvens esgarçadas mais o verde

das folhas, de olhos fechados).

Saio do recesso de minha vigília.

Na janela me debruço; guardando

jardins abertos –

onde medra a ervinha e os jasmins,

e tu costumas passar,

jarra na cabeça, pés descalços

( e no teu corpo femíneo, um “adeus”,

de mãos enternecidas,

que no poema versado, folhas desfolhou).

Jorge Humberto

29/12/10

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 30/12/2010
Código do texto: T2700411
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