SABORES

Pela sinuosidade do balcão

Dorothy mirava-o

E o comia com todos os olhos

Serpenteava sua língua

por entre os dentes pontiagudos

Ora subia-os

Ora descia-os

Num movimento delicioso!

Cléo n’outro canto

retratava toda aquela insinuação

E com a boca babada

delicadamente mordiscava

o pastel de queijo

Que tão quente tava

Que soprá-lo?

Nada adiantaria...

Melhor então fez:

Deixou-o escorrer

do alto ao céu de sua boca

Deixando-o na temperatura ideal pra saciar toda a fome

Lambe-o... Sugo-o desesperadamente

Pura...

Livre...

E sem nenhum pudor!

N’outro lado Dorothy lambuzava toda a massa

Colorizando os seus lábios...

Seus dentes...

Toda a língua!

Ora de vermelho...

Ora amarelo

Permitindo-se a troca de fomes

Apesar do balcão

Aquele Chinês da Avenida Paulista

Tinha um quê de sabor & sedução

O calor de seus quitutes...

Alimentava o corpo todo

Apimentava os desejos

E saciava todas as fomes...

GuimarãesCampos
Enviado por GuimarãesCampos em 29/12/2010
Código do texto: T2697905
Classificação de conteúdo: seguro