Diário vermelho

Nesse diário rubro em sangue eu traço

cada pedaço de um viver tão vário

desde a nascença, quando era fedelho.

Nesse diário eu cubro cada espaço,

registro abraço, adeus; confessionário

da vida intensa olhada ante um espelho.

Meu breviário incréu por mim escrito

sempre repito e não temo o fadário

e me recuso à verga dos joelhos.

É meu diário. O sangue é minha tinta

e amor que sinta ou dor, tudo é precário

mas não me escuso de seguir parelho;

e se em vermelho eu tinjo o meu diário,

gravo em sudário a marca de meu rosto

e, tudo posto enfim, me destrambelho.