EM MIM

Uma escassez de brilhos

sopra em sombras sobre minha alma.

Deito-me, sentindo o som entorpecente

da ausência, amassando meu ser.

Tenho uma carência de horizontes.

Meu olhar de pálpebras pesadas

posta-se porta adentro em pausa.

Tudo é mormaço; imenso, mudo, manso.

As horas arfam sob fardos enfadonhos,

amorfas, crônicas, circunspectas.

Recorro ao vinho.

Busco mel e frutas silvestres em seu rubi intenso.

Reparo nos vapores invisíveis dos aromas

que voam em valsas no aparente vazio da taça.

E de repente, sinto que ela, a taça,

é sensível símbolo da essência desse ser que sou eu.

O coração ensaia um sorriso sob o som da esperança.

Não. Não há vazios verdadeiros a me devorar.

Mesmo o que não vejo em mim

resplandece em aromas e essências sutis de sonhos.

Sou mais do que eu mesmo posso ver.

Sou igual a todos os seres...

Infinito em mim mesmo.

Leilton Lima
Enviado por Leilton Lima em 30/11/2010
Código do texto: T2644828
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