AUTODOMÍNIO



Que eu me lembre,
somente uma vez meu coração pulsou desta maneira,
enlouquecidamente.
E custou a passar. Tornou-se quase
uma obsessão, um vício, um mal.
Esquecia-me de mim
e tudo ao meu redor não existia.
Apenas a paixão desordenada e intensa
a transbordar pelos meus poros,
pelo meu suor.

Em cada rosto,
a procura do rosto amado
e a vontade incontrolável de encontrá-lo
em cada encontro...
... e em cada desencontro
a certeza de que tudo me fugia,
num despertar cruel e lento
para uma assustadora realidade.

Depois, a saudade
ocupando o lugar da esperança.
Dia após dia, noites insones,
lágrimas derramadas no silêncio
de tantas madrugadas sós...

Vejo agora repertir-se o fato,
a tolher minha vontade,
a me tirar a paz!
Percebo-me andando pela mesma estrada
que a nada me conduz.
(Incontido coração, sossega:
não caminhes mais!)

Ah, não!
Mais uma vez não me será possível
aguentar tamanho sentimento
que me toma inteira e me enfraquece
como um temporal devastador.

Não.
Lutarei com as forças que me restam
para sobrepujar ao meu desejo,
para desencantar as ilusões,
para não me deixar morrer de amor!

Leuri Lyra
Enviado por Leuri Lyra em 11/11/2010
Código do texto: T2610083
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