A face que não se pode ver
Quando o vento sopra
Levando de sob
Árvore mórbida
Ermo colchão
Sob copas frondosas
As folhas já mortas
Esvoaçam,
Para longe vão.
E ali, dentro de noite
Artificial,
Se ouve inspiro largo,
Esperado momento
Já era a longos dias...
E, logo após,
Suspiro lento
Vai levando a longe
O que lhe entope
A via,
Mas cada folha que
Se esvoaça
Logo dá lugar a outra
Mais verdinha.
E impressionadas
As folhas,
Depois de longo tempo,
Leva nelas uma face,
Como borrão, fugidia...
E na floresta ignota
Se repete tal ciclo
Dentro do Tempo,
Entre os Séculos...
Colchão de folhas
Putrefatas é levado
E novo colchão
Vai se fazendo,
Em cada folha,
A parte de uma face
Que pelo mundo
Vai se perdendo...
Enquanto vive
A árvore saudosa
A lançar suas mensagens
Para quem as possa
Compreender.
A areia se forma
E se deforma
Entre o sol e o chover,
Ali no breu melancólico
Perto de hermoso tronco
Jaz frio crânio a derreter,
Nos interstícios da memória,
A Face que
E de quem
Não se pode ver.