A face que não se pode ver

Quando o vento sopra

Levando de sob

Árvore mórbida

Ermo colchão

Sob copas frondosas

As folhas já mortas

Esvoaçam,

Para longe vão.

E ali, dentro de noite

Artificial,

Se ouve inspiro largo,

Esperado momento

Já era a longos dias...

E, logo após,

Suspiro lento

Vai levando a longe

O que lhe entope

A via,

Mas cada folha que

Se esvoaça

Logo dá lugar a outra

Mais verdinha.

E impressionadas

As folhas,

Depois de longo tempo,

Leva nelas uma face,

Como borrão, fugidia...

E na floresta ignota

Se repete tal ciclo

Dentro do Tempo,

Entre os Séculos...

Colchão de folhas

Putrefatas é levado

E novo colchão

Vai se fazendo,

Em cada folha,

A parte de uma face

Que pelo mundo

Vai se perdendo...

Enquanto vive

A árvore saudosa

A lançar suas mensagens

Para quem as possa

Compreender.

A areia se forma

E se deforma

Entre o sol e o chover,

Ali no breu melancólico

Perto de hermoso tronco

Jaz frio crânio a derreter,

Nos interstícios da memória,

A Face que

E de quem

Não se pode ver.

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 10/11/2010
Reeditado em 10/11/2010
Código do texto: T2606904
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