Chuva passageira
Ela desce e vem,
repentina,
traiçoeira...
Sem aviso,
é pura pressa:
vem ligeira.
Bate e toca,
na face da folha rola:
corre,
escorre,
molha.
E míngua.
E finda.
E fica,
o cheiro do mato,
o cheiro do chão,
da poeira.
É sempre assim que acontece:
desce sem eira nem beira
e logo desaparece,
parece de brincadeira.
Tão atrevida e criança,
que eu sinto o gosto da infância,
quando passa de passagem
toda chuva passageira.
Do livro Travessia.