Eu

Hoje eu vejo o chão de sua melhor forma

Sou nada e me acho cada dia mais no abismo de mim mesmo

Meus sonhos nem são mais reais, minhas chances passam

E eu continuo o mesmo, e eu me perco cada dia mais...

E eu nem me acho a cada dia mais

Sou um animal insaciável por coisas e mais coisas

Não me contento com nada: quero tudo e me faz mais falta!

A lama e a alma se confundem em uma só: são uma só!

Nunca mais achei o meu paraíso

Sou branco e incapaz de mudar cada dia que passa

Viva a hipocrisia que me faz humano, viva a solidão!

Viva tudo que eu não sou, viva tudo que eu perco!

Vejo aquelas imagens insanas em minha mente!

Prendem-me e fazem-me de refém!

Sem nenhum resgate, sem nenhuma corda...

Eu fico perdido nas amarras do meu eu...

Sim, posso gritar até o fim dos dias!

Mas não irão me ouvir: Sou franco e simples!

Sou fraco e simples!

Perdido em um lugar que nem é meu!

Eu sinto as dores avessas do parto!

Que me pariu nas doses homéricas de meu sangue!

Levem-me daqui! Não consigo mais agir, não consigo mais amar!

Levem-me, apenas...

Tirem a dor que me faz refém!

A cada dia que passa: estou perdido e desencantado!

Estou vazio!

Prestes ao vácuo...

Sinto!

Domino-me a cada passo dado

Não faço parte daquela imundice

Mas faço parte de mim mesmo, e me perco e nem me acho, nem acharei...

Possuo um fardo pesado em meu peito!

De tirar tudo que me impuseram, fazem-me de cobaia!

E eu de tudo deixo, eu me limito!

Derivo-me e tudo passa! Passou...

Ainda vejo as insanas imagens perfeitas!

Eu quero obtê-las!

Mas eu não deixo, eu não sou nada!

Eu sou apenas a minha imagem entre encontros e despedidas!

Nem mais amar eu sei!

Nem mais sentir eu sei...

E sou meu próprio combatente!

Luto, luto, luto... E nunca chego!

Nunca acaba!

Minha luta se contradiz a cada passo dado

De luto, peço ao Pai que me aceite de volta!

Que talvez eu não seja mais nada!

Talvez eu não me ache nunca mais!

Permaneço inerente e ideal!

A tudo que empoem!

A tudo que me imponho!

E no fim do dia, vejo que tudo foi em vão!

E eu quase me perdia bruscamente, totalmente!

E ficava feliz por poder voltar a ser novamente!

E é tudo que me faz viver... É o tudo...

É o tudo que me faz vencer!

Na luta diária de mim a mim mesmo

De proclamar com a maior das verdades:

"Eu sou mais forte do que eu..."

4-10-06

iuRy
Enviado por iuRy em 04/10/2006
Reeditado em 04/10/2006
Código do texto: T255780