LAMENTO DO ANJO NA NOITE DAS BARRANCAS DO RIO
(fim de setembro-arquivo)
NAS BARRANCAS DO RIO
NAS NOITES DE ESTIO
QUANDO ANHANGÁ SORRI
VI DOIS N'GROS D'ÁGUA
BRINCANDO DE SACI.
VI BOIUNA, VI BOI-TATÁ
VI EFEMERAS, VI LEBELULAS,
TODOS ESPERANDO ANHANGÁ.
VI LUA NO ARUANÃ
VI LÁGRIMAS DO BERO-ROCAN
VI FADINHAS GALOPANDO A JAÇANÃ.
OUVI O UIVO DO CAPELOBO
OUVI ASSOBIO DO PAI DO MATO
VI DUENDES NOS LOMBOS DOS PATOS
VOANDO P'RA LUGAR NENHUM.
OUVI O CANTO DAS MATAS
TRISTE NO PIO DO MUTUM
ENQUANTO O SUCURI ENROSCAVA A CAUDA
NUM GABIRORÓ DAS ÁGUAS SERENAS.
VI O BOTO BRINCANDO NA AREIA
VI MOÇA-DONZELA FAZENDO COISA FEIA
NAS MOITAS DO ARAÇÁ.
ESPEREI QUE A FLOR VIESSE
E AS BORBOLETAS PARA A ENFEITAR
MAS MEU CANTO FOI FRACO
NÃO CONSEGUI ALCANÇAR ANHANGÁ.
VOLTEI ENTÃO P'RO MEU REMANSO
DO ARREPENDIDO CORRENDO DEVAGAR
E FICAREI LÁ QUIETINHO
PORQUE ALÍ É O MEU LUGAR.
ENTÃO, ANHANGÁ SORRIRÁ!