LAMENTO DO ANJO NA NOITE DAS BARRANCAS DO RIO

(fim de setembro-arquivo)

NAS BARRANCAS DO RIO

NAS NOITES DE ESTIO

QUANDO ANHANGÁ SORRI

VI DOIS N'GROS D'ÁGUA

BRINCANDO DE SACI.

VI BOIUNA, VI BOI-TATÁ

VI EFEMERAS, VI LEBELULAS,

TODOS ESPERANDO ANHANGÁ.

VI LUA NO ARUANÃ

VI LÁGRIMAS DO BERO-ROCAN

VI FADINHAS GALOPANDO A JAÇANÃ.

OUVI O UIVO DO CAPELOBO

OUVI ASSOBIO DO PAI DO MATO

VI DUENDES NOS LOMBOS DOS PATOS

VOANDO P'RA LUGAR NENHUM.

OUVI O CANTO DAS MATAS

TRISTE NO PIO DO MUTUM

ENQUANTO O SUCURI ENROSCAVA A CAUDA

NUM GABIRORÓ DAS ÁGUAS SERENAS.

VI O BOTO BRINCANDO NA AREIA

VI MOÇA-DONZELA FAZENDO COISA FEIA

NAS MOITAS DO ARAÇÁ.

ESPEREI QUE A FLOR VIESSE

E AS BORBOLETAS PARA A ENFEITAR

MAS MEU CANTO FOI FRACO

NÃO CONSEGUI ALCANÇAR ANHANGÁ.

VOLTEI ENTÃO P'RO MEU REMANSO

DO ARREPENDIDO CORRENDO DEVAGAR

E FICAREI LÁ QUIETINHO

PORQUE ALÍ É O MEU LUGAR.

ENTÃO, ANHANGÁ SORRIRÁ!

SSPóvoa
Enviado por SSPóvoa em 02/10/2010
Reeditado em 01/12/2012
Código do texto: T2534498
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