Lado obscuro
Nada mais obscuro do que o ser.
Nem os confins do universo,
Nem os abismos do mar submersos,
Guardam tantos porquês.
E cada vez que mergulho nesses mundos
Perco o fôlego,
Pois o ego é vasto como as palavras.
De toda sorte trago à tona
Alguma novidade.
Coisas que descubro sentindo saudade,
Melancolia ou felicidade,
Pois vastos são o ego e as palavras,
Que se ordenam de tantos modos
E dizem tanto de mim.
Há tempos cultivo um jardim,
Um canteiro de preciosidades.
Vou com paciencia semeando
As douradas sementes das amizades.
Vem delas, as palavras que se ordenam em idéias.
Lumes e lampejos que iluminam a escuridão do que sou,
Que ao passo do tempo vou descobrindo
Através dos olhos dos outros