Nada

Nada

Desencantos, desenganos, e tudo que

acaba em danos deixou de ser.

Nada mais já faz sentido.

Expulsei do meu pensar.

E queria tanta coisa.

Agora não quero nada.

E foi por nada querer que a tal

felicidade veio à minha porta bater.

Claro que a deixei entrar.

Chegou aqui tão cansada.

Deixem-na descansar.

Tanta gente a lhe pedir coisas reles,

sem valor.

E querem que a felicidade lhes faça essa vontade.

Pedem dinheiro para comprar ilusão, se fosse pão...

Pedem um corpo sarado para marcarem um encontro

com o pecado.

Pedem para a felicidade realizar o que andam a sonhar.

Esquecem que a medida do sonhar é proporcional à

capacidade de os realizar.

Enquanto pedem saúde andam a se intoxicar com

alimentos que os vêm prejudicar.

Pedem paz para o mental em meio ao vendaval.

Pedem socorro para o mundo, enquanto lá no

fundo andam alimentar cobras que os hão de picar.

Pedem, pedem sem parar.

A felicidade existe, mas está triste.

Deixem-na descansar.

Manda-lhes um recado:

Não peçam por pedir.

Deixem o supérfluo de lado.

Enxuguem a lista.

Até chegar ao bem pouco ou quase nada.

Que fique ali só a essência. O potencial que cada

um tem para conseguir o que lhe convém.

Quando já nada esperar de ninguém,

a felicidade vai bater

em sua porta também.

Lita Moniz