SE ISTO É AMOR, ENTÃO O QUE NÃO É?

se isto é amor, então o que não é?

tenho tantas horas no dia para amar

o que não amo, mas esqueço

e nas noites de lua amo o que me ama

ao mais não pertenço,

pabular ou pabulagem, o fato é o mesmo

tenho a quem amar , sou amado

abolado e teso, devorado

em gigantes palavras escapadiças

disfarçadas ondas de chamego

onde o que é maldito é bem quisto

o que não é visto é sussurrado

pelo gado que trás o ugalho ao peito,

suspeito que tudo é miragem

chamada já de ilusão, amo ou não?

a cada lida um gozo, labor e visão

extenuados os sentidos se partem

fundem-se (será este mesmo o verbo?)

fendem-se (ou este?), se apavoram

se confundem, um no outro

aos outros confundem (ainda expresso este possível verso)

virtuais, virais, vitrais

polifonias carnais, rirás

é quando mais te amo e não o sei

porque fui perdido e margeado, degolado

guardei um rim atrofiado, ventricular expiação

deixa disto, te amo ou não?

não respondas, sei ler teus versos sem decifrá-la

sei te invadir sem tocá-la, sei e não sei

sinto e penso, isto é contraditório e nebuloso

deixe tudo como está, chamemos de amor

o mais são passos e passantes em nossa esfera passional.