PAR  DESFEITO 



É tão imenso o que sinto por você
que as lágrimas turvam os olhos
mansamente...
E vem aquela saudade triste
machucando o coração
já tão pequenino
pelo sofrimento...
 
É tão imenso o que tenho para lhe dar
e que omito para não morrer
que esqueço quase sempre
que entre nós
existe a sombra de um adeus...
 
Ah, pudesse eu pegar as suas mãos
e sair mostrando à vida
a importância de lhe ver
de lhe ter, de lhe amar...
e dizer: obrigada
por tudo o que você me faz sentir...
 
Mas... oh, vida
que faz os encontros
e os desfaz mais além...
Que une um dia
e separa depois
e deixa gravada a fogo
a marca da solidão...
Vida que dá vida 
e que mata lentamente
deixando somente lembranças...
Nada mais!
  
As ruas da cidade
antes só nossas
hoje estão povoadas de pessoas estranhas,
indiferentes, diferentes...
As vozes que ouço nada dizem...
São vozes que não falam a mesma língua
e se desintegram em palavras vãs...
 
... E o tudo guardado em mim,
sufocado pela espera de se dar,
sente a necessidade enorme
de se extravasar
de lhe encontrar
para poder falar das coisas comuns
tão nossas...
 
E pensar que existem apenas
resíduos do tanto que fomos
como ruínas de uma grande cidade
abalada por um cataclismo...
 
Permanece no entanto tão vivo
esse amor cansado
esse amor antigo
que insiste em ser dentro de mim
como aquela árvore sozinha
na paisagem tétrica da cidade
destruída!
 
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Ah...
Como é triste perceber
eu tão só,
você distante,
no desencontro que a vida programou
sadicamente
somente pelo prazer de desfazer... 
 
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Ah...
Como é triste perceber
que não somos mais
nós dois!
Leuri Lyra
Enviado por Leuri Lyra em 07/09/2010
Código do texto: T2483775
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