MEDITAÇÃO DO ANJO ANTE A MORTE DAS EFEMERAS
amanhã direi a vosmece,
minha dama eterna,
porque nascem e morrem
as efêmeras, antes mesmo
que o sol se ponha
n’algum horizonte doirado.
suaves, antigas,desde o primeiro dia
arrebentam das águas tranqüilas;
voejam com as borboletas,
tecem figuras meigas e musicais com as falenas,
beijam o sol e jamais veem a lua.
sem derramar uma lágrima sequer
retornam ao dossel das águas
e morrem,tão suavemente como vieram.
então eu digo para vosmece, minha dama eterna,
que na verdade são fadinhas que,
medrosas, queriam apenas bailar uma valsa:
dessas que os anjos contaram
que somente os amantes dançam.
(sspóvoa-um dia antes
de setembro)