NUM MINUTO
(Lido em andamento normal, este poema tem a duração exata de um minuto...)
Ponteiro caminha lento.
Anda, ponteiro, anda
chega aos sete, chega aos doze
chega à hora de chegar
para pegar no telefone
e discar na hora certa.
Tenho pressa para falar
mas vou falar devagar
que é para demorar
a escutar sua voz.
Nem sei se vou ter assunto.
O que importa é estar junto
pelo outro lado da linha
que separa nossos corpos
e une os pensamentos
ventos, som, tecnologia.
Finalmente o sete e o doze.
Enquanto fui escrevendo
o tempo passou correndo.
Pego o fone, disco o número
peço para lhe chamar
e vem você e atende
com seu jeito tão sem jeito.
Invento qualquer desculpa.
Você ri, eu acompanho
você cala, eu emudeço.
Nenhum dos dois tem assunto.
Sete e um. Já disse tudo
ouvi também o bastante
que foi pouco, mas que importa?
Você desliga, eu desligo
respiro fundo, sorrio.
O eco da sua voz
no coração ainda escuto.
Pra ser feliz basta pouco...
basta apenas um minuto!