O LIVRO E A NATUREZA

Sento-me nas falésias de mármore

contemplando o mar e os

rochedos pontiagudos, emergindo

das águas,

salpicadas de verdes e de corais.

Abro o livro no ponto exacto onde

o deixei, na madrugada de ontem

e ponho-me a folhear,

conforme vou lendo com avidez,

a história que ele me narra.

É um folhetim policial e conta-nos

a história de um detective

solitário, que tem poucos a quem

chamar de amigo e faz da sua

profissão, o seu modo de vida.

Uma brisa fresca sobe pelas falésias

vinda directamente do mar,

mas abaixo, refrescando-me e

dando-me alento para pôr o livro

de lado, contemplando a natureza.

É majestosa, no seu estado natural,

e consigo descortinar à distância

um ponto negro, a horizonte,

tratando-se provavelmente de

um navio, indo para parte incerta.

Certo é o caminho, que farei de

regresso à cidade, agora que satisfiz

a minha curiosidade junto à costa,

donde as ondas são como cavalos

de encontro aos rochedos.

Antes de me ir pego no livro com

cuidado e tacteio com volúpia, numa

satisfação íntima, o manuscrito,

que deixei para ler com entusiasmo mais tarde,

quando a noite se anunciar, de novo.

Jorge Humberto

12/08/10

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 12/08/2010
Código do texto: T2433818
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.