CORRENTES

As correntes que prendem os braços,

as mãos, os pés,

marcam o corpo e ferem...

São pesadas...

E a dor dilacera a carne

e penetra na alma que sangra,

atormentada...

Os olhos buscam a luz,

os pulmões, o ar...

E nada vêem... E não respiram...

É tão difícil se ver com os olhos do coração

um coração...

Os olhos vêem apenas uma carcaça

que nada vale...

- A carne é impura...

- O coração, imaculado...

É tão difícil transpassar o corpo

e olhar para o que existe no interior

de cada um...

E perceber que embora sendo

não se é...

E perdoar...

O que a alma tem para dar é tanto

que a carne esquece do que deu, um dia...

Se os olhos vissem além,

veriam mais...

E saberiam que o perdão existe

para se perdoar...

E as correntes não feririam o corpo,

machucando, marcando...

... E cairiam por terra,

libertando...

(esta poesia foi inspirada pelo relato de uma moça de 22 anos que foi levada à prostituição aos 15 anos de idade, sofreu muita discriminação e preconceitos, se apaixonou e foi rejeitada, e possuía um único desejo: ser amada de verdade. Nunca mais soube dela, mas espero, de coração, que tenha realizado o seu sonho...)

Leuri Lyra
Enviado por Leuri Lyra em 03/08/2010
Código do texto: T2415929
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