Quase nada

Começam a soar todos os sinos

numa falsa e insistente alegria

de um dia nublado, que parece não ser

De um tempo fechado, como alma minha.

Começam a cantar a glória insana

vitórias fugazes que aquecem a alma

coitos malogrados que ressoam loucos

e bailam na mente pela vida a fora.

Nem todo absurdo cabe nesse amor

nem toda mentira cabe num poema

nem toda tristeza cabe na tristeza

e nem todo o “eu” suporta o mundo.

Não me vale ouvir esse cantar de pássaros,

nem mesmo a ruidosa cachoeira

ou lua cheia a encher-me os olhos,

nem me vale sonhar um sonho imundo.

Por isso não teimo nas águas paradas

acumulam lágrimas, águas niilistas

não me cabem por certo

como não me cabem todos esses medos.

Por isso canto de alegria tíbia

acreditando nas verdades que criei

crendo mesmo que meu mundo é doce,

e não amargo como quero crer.