O SEGREDO DAS CASAS VAZIAS E ABANDONADAS

As casas vazias e abandonadas

Deixam ressoar, em seus sombrios silêncios,

O som de infinitas palavras,

Que nelas restaram aderidas,

Aprisionadas em suas paredes,

No assoalho e nos velhos caibros do telhado.

As casas vazias e abandonadas

Nada nos contam, que se possa ouvir

Com os precários ouvidos do corpo,

Mas sim, na profundidade de nossas almas,

Momentaneamente dotadas de asas,

Sem medo de dentro do corpo sair.

E nesse vôo, tantas coisas são ouvidas:

Suspiros de amor e gozo,

Gritos de dor e agonia,

Saborosas conversas domingueiras

Ao redor da antiga mesa carcomida,

Que bem antes ali existira.

E, até mesmo, quem poderia supor,

O duro e frio rancor

Da moça que dormiu zangada,

Por brigar com o namorado

Depois de uma noite de amor.

Assim são essas casas inutilmente fechadas,

Com seus muros que mais nada protegem,

Suas janelas despedaçadas ao vento,

Mas que ocultam ao mundo seu passado incerto,

Histórias, hoje, pelo éter dispersas,

Como se jamais acontecidas,

Se não fora os bêbados tomá-las por moradas,

Levantando seus invisíveis véus

Para revelar os segredos,

Apenas a eles e aos poetas, revelados.

- por JL Semeador, de 2006 a 11/10/2010 –

jlsantos
Enviado por jlsantos em 11/06/2010
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