INERTE

O vento inerte, neste meu ser padece com o chegar do Outono,

Seu vazio me acolhendo e me ninando num sonho sem rumo

Donde o meu próprio alento falece baixo essa chuva fria e cruel

Que molha cada pedaço da minha pele com insistente adoento

E favorece a presença da fatalidade em cada lágrima vertida...

Tua ausência hoje abastece todo e cada sentido dentro de mim

Sem tu teres consciência da saudade sem fim que deixastes viva,

Correndo veloz dentro do peito, livre e atroz na sua imensidade,

Indubitávelmente falecendo e esmagando este meu mero corpo

Que ainda ontem foi teu no nosso leito, mas hoje é apenas meu...

Falam que a dor passa e todo momento tem um príncipio e um fim

Mas o que jamais contam é que nem todo amor é exatamente assim,

Um sentimento libertino sem pudor que simplesmente ira morrer!

Mas sim o nosso alimento que nasceu muito antes do nosso nascer

E ao invés de padecer no instante azarento, apenas aprende a ser.

Salomé

Ess. “Acções e Reações” 2010

Salomé
Enviado por Salomé em 18/05/2010
Reeditado em 18/05/2010
Código do texto: T2263652
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